quarta-feira, 31 de agosto de 2011

não vou me confidenciar



Não havia nada que pudesse explicar melhor o que vivia, senão o nascimento. Enquanto o barco subia o rio, a lua lançava um tapete tortuoso que adivinhava o destino das curvas. As árvores não sabiam se refletiam seu próprio mistério ou admiravam aquele familiar tapete. Ela dizia a si mesma que nascia, mas não sabia se era o devir desconhecido do rio, o calor de suas águas, as sombras que não revelam o que ainda não pode e nem quer ver. Não sabia se o calor do desconhecido lhe confortava ou assustava. Não jogava seu corpo no mundo, estava completamente imersa nele! O conforto do desconhecido lhe dava essa idéia de nascimento. Ou não saber nada de si lhe dava essa idéia de nascimento? Não importava o que fosse, sensações não são explicadas. Ela, embriagada, usava todas as metáforas que lhe vinham à cabeça, mas o que via lhe parecia a melhor metáfora. Muito embora, a lucidez do momento não fosse metáfora nenhuma!

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