segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

vizinha



queria poder encontrar-te no fim da tarde
para fazer qualquer bobagem dessa que se faz quando se marca uma cerveja lá pelas seis, lá pela Lapa,
lá pelo mercado que hoje é dia de semana e tenho que acordar cedo amanhã
que acordar que nada!
que vá ao trabalho com a cara cheia de cevada
que vá com a tosse de uma noitada
de quem bebeu na beira de uma baía que ventava e ventava enquanto você se embriaga e fumava
queria que estivesse próximo e os encontros fossem descompromissados, sem a expectativa que faz parte dos encontros raros
não te queria raro, mas especial como os momentos do cotidiano
imaginei você no meu dia a dia
o sol se punha do outro lado
eu lhe contava sobre meu trabalho
meus casos e causos
ouvia suas melodias que de tão desafinadas você compunha em poesia
mas não lhe contava sobre a conta que vencia
não era com você que eu a dividiria
reservaria para você o melhor desse dia...
dia tão difícil de marcar nessa correria
quanto tempo faz que não lhe vejo?
vivendo assim tão pertinho
mas tem três ou quatro meses que não lhe confidencio um pedacinho de mim
que não dividimos um ninho
é...a vida é assim
ali do outro lado da poça você continua longe de minha boca
mas sei andar e nadar, apenas não aprendi a voar
e por você ser tão longe de meu querer
fiz meu querer crescer, inventei um cotidiano para você
mas é mentira, eu não posso inventar a vida
nem mudar a rotina, só a minha e ainda em certa medida
assim nunca terei de ti uma presença desapercebida
só ausência sentida
falta não, já que você nunca fez parte do meu "aqui", nunca esteve no "agora" não pode fazer falta nele
mas pode fazer falta em mim?

3 comentários:

  1. Presença e ausência não são de se viver, são de experimentar, de querer. A memória só é a angústia do futuro. Oque é uma poça perto de um mar doce ou mar seco?

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  2. por isso vou ver o rio salgado!
    será a memória angústia do futuro...pensava nela como experiência e experiência modificada...acho que depende do uso que fazemos da memória

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  3. Das 200 Para Lá (esse Mar É Meu)


    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá desse mar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá

    Vá jogar a sua rede das 200 para lá
    Pescador dos olhos verdes
    Vá pescar em outro lugar

    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá desse mar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá

    E o barquinho vai
    O nome de cabocleira
    Vai puxando a sua rede
    Da vontade de cantar
    Tem rede amarela e verde
    No verde azul desse mar

    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá desse mar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá

    Obrigado seu Doutor pelo acontecimento
    Vai ter peixe camarão
    Lagosta que só Deus dá
    Pego bem a sua idéia
    Peixe é bom pro pensamento
    E a partir desse momento
    Meu povo vai pensar

    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá desse mar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá


    João Nogueira

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